Morcego e a Irmandade II

A noite convidava ao passeio, depois de parar numa macieira e ter ratado várias maçãs, fiz-me ao céu. A lua estava espetacular e, ao longe, recortava-se a Mansão da Irmandade. Sorri ao recordar a última aventura com as shellans. Via-se luz nalgumas janelas e a curiosidade aumentava quando, ao aproximar-me, conseguia distinguir vultos: a Mary a despachar o Rhage para fora do quarto; o Vishous a fumar à janela; o Wrath a bufar à frente de uma pilha de papéis. Dei a volta para espreitar pelas outras janelas. Z beijava Bella à porta do quarto, vestido para sair; o Qhuinn a fingir que iniciava um strip só para ver o Blay a gaguejar ao telemóvel; o Fritz a entregar uma bandeja à Marissa, enquanto Butch se vestia; a Xhex a discutir com um John a gesticular a alta velocidade.
Parecia tudo calmo e tranquilo. Mais uma volta e vejo um automóvel, aliás, uma carrinha a vir na direção da casa. Tinha vidros fumados, não se via quem lá estava dentro e a matrícula era-me desconhecida. Pendurei-me num galho e aguardei. O veículo estacionou na porta da frente. Abre-se a porta do condutor e sai o Phury… Ahh… que os anónimos lhe estão a fazer tão bem… das outras portas começam a sair Escolhidas que nunca mais acabavam.
- Últimas indicações: quero olhos abertos e ouvidos atentos! – Phury falava calmamente, mas com firmeza. As Escolhidas ouviam. – Hoje será a oportunidade de conhecerem de perto a vida na mansão do nosso Rei. Algumas de vós já cá estiveram, mas a experiência de hoje será muito diferente.
Acenaram com a cabeça ao mesmo tempo. Cruzes! Estão bem treinadas!
Misturei-me nas saias de uma – panorama magnífico de uns glúteos masculinos redondos e firmes. – he he he – e entrei com eles. Mal a porta se abre, ouvi a voz do Butch a perguntar:
- Caralho! Tu dás conta do recado a essas todas, Phury?
- Senhor, o que é “caralho”? – Questiona uma Escolhida.
- E de que recado fala o guerreiro Butch, Senhor? – Questiona outra.
- Sim, Phury, explica que eu quero ouvir. – V já tinha fumado o que tinha a fumar e também já ali estava.
- E eu também quero ouvir… - era o Rhage que aparecia com uma sanduíche do tamanho de um boi e que, pelo que conseguia ver, devia ter mesmo um lá dentro. – Isto vai ser tão bom… - e ria-se como um alarve a ver-se a alface no meio dos dentes.
Phury tossiu.
- Meus Irmãos, o Wrath não vos informou de nada?
Eles olharam uns para os outros e abanaram a cabeça.
- Eu informo-os agora. – Wrath, no topo das escadas, tomou a palavra – Meus Irmãos, hoje, cada um de vocês os três vai ficar responsável por um grupo de Escolhidas e fazer uma visita guiada à mansão. – Ao ver a cara de pânico deles, acrescenta – e sim, vão-lhe responder ao caralho das perguntas todas e mostrar que ainda vos sobra um pingo de boa educação. O Phury vai sair com a Cormia e só regressa no final da semana. O responsável por elas sou eu e o primeiro que piar ou cometer uma argolada vai passar o resto da existência a responder a cartas por mim.
- Só vem daqui a dois dias?! – Quis confirmar Rhage.
- Nem que fosse daqui a dois meses. E acabou a puta da conversa. – Wrath dá meia volta e desaparece.
- Guerreiro, - pergunta uma Escolhida a Vishous – o que é “puta”?
- Sim, V, explica que eu quero ouvir. – Dizia o Phury já a caminho da porta da rua. – Boa noite, Irmãos. Escolhidas, fiquem bem.
Nem sei como contar o que aconteceu nessa noite. Vishous aterrorizou de tal maneira o grupo dele que as coitadas nem abriam a boca. Tentou subornar o Blay para as acompanhar, mas ele não caiu na esparrela. Resolveu não perguntar nada ao Qhuinn, não fosse o Irmão zangar-se. As do Butch acabaram a noite a falar como taberneiras. O polícia apelou ao coração de Z e ele, com a filha às costas, complementou-lhes o estudo da linguagem. As do Rhage estavam animadas, a Mary e a Beth tomaram conta delas, passaram toda a tarde a ver filmes parvos e a falar sobre as vantagens de não ser macho e a comer chocolates.
Para acabar a noite em beleza, juntaram-se numa salinha, já com a Jane e a Bella. Era a hora do chá e dos bolinhos. – Esta rotina já eu conhecia.
- Porque é que aquelas estão a olhar para nós como se as fossemos comer? – Pergunta Jane admirada.
- Porque o teu maravilhoso hellren esteve a explicar-lhes as vantagens de adquirir um conjunto completo de chicotes, mordaças e derivados. – Respondeu Beth a esconder a vontade de rir.
- Não posso…
- Podes, podes. – Completou Mary - E vais ouvir o resto. Se isso não chegasse, apareceu o Qhuinn furioso não sei com o quê e ele teve um ataque histérico e fez explodir a saleta do segundo andar. Com elas lá dentro.
- Coitadas… Mas não há problema. Bella, posso falar contigo? – E Jane segredou qualquer coisa ao ouvido da shellan do Z, deixando-a a rir às gargalhadas.
Estava a amanhecer, foi tudo para a cama e, como já era tarde para voltar para a gruta, dormi dentro de um jarrão no corredor das estátuas. Ouvi barulho durante o dia, havia movimentações na casa, mas eu não conseguia abrir os olhos. Acordo, finalmente, com um uivo terrível! Vishous! Era o Vishous!

Saio disparada em direção ao quarto dele. Os uivos continuavam, faziam gelar o sangue. Ó meu Deus, ó meu Deus, ó meu Deus. Entro no quarto e desato-me a rir. Ele estava encolhido a um canto cheio de medo. Em cima da cama, vestida de cor-de-rosa, estava a Nalla, sentada e a brincar com um peluche. Na parede havia um cartaz enorme que dizia: Tio Vishous, toma conta de mim. Não te esqueças de me mudar a fralda e de me preparar o leite. Não há mais ninguém na mansão e o meu pai diz que te corta o que ainda tens se, quando vier, eu não estiver feliz e satisfeita.

2 comentários:

Viv disse...

Excelente! Adorei!! XD
A Jane foi má pro hellren dela ;P

Margarida disse...

Adorei tudo mas o que gostei mesmo mais foi imaginar o Qhuinn a fazer strip e o V assustado por ter que tratar da Nalla!!!!!LLLIIINNNDO!!!!!

 

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