Emma

Saudações Amantes da Irmandade,

FELIZ ANO 2014, e hoje, começamos pela PRIMEIRA *yehhhhhh* publicação no blog... vocês lembram se das Histórias/Contos aqui no blog? Pois bem, a nossa Barhbara Hillock, mandou-nos algo delicioso para nós... aqui está *sorriso*


O barulho da madeira a crepitar no fogo, veio trazendo gradualmente a consciência. Um cheiro a terra fresca, fez-lhe cócegas no nariz. Todo o corpo lhe doía. Quando tentou colocar os pés no chão , teve um acesso de pânico....Estava nua!!...

Fazendo um esforço para perceber onde se encontrava, as imagens vieram-lhe à cabeça em flash.....A casa a arder, a sua casa....Os corpos da sua família caídos pelo chão, os gritos, o cheiro a queimado...Homens pálidos a os atacar. O seu pai e irmãos a tombar.....Sangue nas suas mãos, o seu sangue.....e uma presença enorme , escura que se aproximava....

O barulho de um toro a cair na lareira, trouxe-a de novo á realidade. Estava numa divisão ampla, com pouca mobília, sentada numa espécie de cama enorme coberta com peles de animais. Não havia janelas, e apenas uma porta ao fundo. Apesar de ter uma decoração espartana, tudo estava impecavelmente limpo e arrumado. Junto á lareira, uma panela alta tapada. Ao levantar-se teve de se apoiar á parede que estava próxima. Procurou pelas suas roupas, e apenas encontrou roupas masculinas de tamanho muito grande....Novo acesso de pânico, onde estaria ela, e como tinha vindo ali parar?

O som de passos abafados por cima da sua cabeça, o descer nas escadas, fê-la ver de um local para se esconder. Mas, não havia por aonde....Acabou por voltar a ir para a suposta cama, onde agarrou numa das cobertas e se tapou.

Não tardou a que a porta se abrisse e uma figura muito alta, de ombros largos e toda vestida de negro....A figura que ela se lembrava...

-Vejo que já despertaste. Como te sentes?- Ouvi-se uma voz grave- Estás com fome? Procura naquele armário algo para vestires....

Ele continuou a andar pela divisão, colocou sopa em dois pratos, e depois pousou-os na mesa, junto com um naco de pão.

-Senta-te para comeres...-Enquanto empurrava o prato na direcção dela.

Ela sentou-se a medo, e quando ele olhou para a lareira, pode ver as suas feições. Com o rosto de linhas duras, olhos verdes claros, e cabelo preto. Ela nunca tinha visto ninguém assim e apesar da situação em que se encontrava, não pode deixar de se sentir fascinada com a figura que tinha em frente.

-Quem és tu? Como vim aqui parar?- Perguntou num sussurro.

-Chamo-me Angher...e é melhor que comas , antes que fique frio...

-Angher? Que nome estranho.....Mas, eu gostava...-E foi subitamente interrompida.

-És favor de comer, antes que esfrie... Vou ter de me ausentar por um pouco. Fica á vontade. Aproveita para comer e descansar, vais precisar. - Dito isto, saiu da mesa, levando o prato, lavando-o e deixando-o a escorrer. Na porta, voltou-se e olhou para ela. Um calafrio percorreu-lhe as costas. Ao sair, ela ouviu a porta a ser trancada.

E agora o que é que seria dela?


O frio da noite envolveu-o quando saiu. Que raio tinha ele feito em ter trazido esta humana para os seus aposentos? De imediato vieram-lhe á mente as imagem dela, no meio dos escombros da casa dos seus pais, com os membros da sua família espalhados e moribundos. Foi a expressão no seu olhar, a expressão de quem não baixa os braços perante a maior das adversidades. O olhar de luta de um guerreiro que ela tinha, que o fez salva-la, após ter destruído os minguantes que a rodeavam. Caída no chão, coberta de sangue, com as roupas rasgadas, mas, ainda tendo na mão o machado de lâmina curta com que se tinha estado a defender....Ele não lhe conseguiu voltar as costas. E agora o que é que iria fazer com ela.? Quanto mais tempo ela permanecesse com ele, mais difícil seria apagar-lhe a memória. E além disso ela iria para aonde? Tudo o que era da sua família estava destruído, e ela sozinha....

Apesar de inicio difícil, o convívio foi-se tornando melhor. Os dias, as semanas, os meses  passaram, e ela passou a cuidar dele, dos seus aposentos...a pouco e pouco a entrar no seu mundo. Era fácil conversar com ela, e o seu jeito foi-o cativando. E sem quase dar por isso, tornou-se fácil partilhar com ela , a sua vida, a sua mesa e a sua cama.

Uma inquietação foi-lhe gradualmente carregando o semblante e após ele insistir sobre o que se passava, ela finalmente abordou o assunto.

-Eu estou-te imensamente grata por me teres salvo, e por me tratares com me tratas. Mas, desde que a minha família foi atacada e destruída, nunca mais sai daqui. Será que haveria a possibilidade de tornar a ver o local onde vivi?

Sentindo-se desconfortável com o pedido, mas não podendo recusar-lhe o pedido: -Percebo a tua inquietação mas, tenho receio de não ser seguro. Mas, também não consigo dizer-te que não. Iremos   lá ao cair da noite.


Uma súbita alegria inundou-a, ia finalmente sair dali para ver como estava o mundo lá fora. O tempo que tinham passado juntos , tinha sido em todos aspectos extraordinário. Ele que no inicio parecia ser feito de pedra, a pouco e pouco foi amaciando, tratando-a com gentileza  e carinho. Até que esse sentimento foi progredindo para muito mais, para algo que ela nunca tinha imaginado acontecer-lhe. O tempo que passavam juntos era soberbo. E mesmo depois de ter tido conhecimento do que ele era realmente, não a fez mudar de opinião, nem quebrar a confiança que ela tinha nele.

Após se ter agasalhado, ele abriu-lhe a porta e saíram juntos. O ar estava ameno, como costuma estar na Primavera. As árvores em flor, e o tapete de erva espesso. Ela olhava para tudo extasiada. Já se tinha esquecido de como era. Caminharam em silencio através do bosque, até que chegaram ao local onde tinha estado a casa da sua família. Ao ver , como tudo tinha ficado, ela sentiu uma onda de choque. Pouco restava dos escombros da casa. Caminhando em direcção ao pomar, viu uma serie de cruzes por cima de pequenas elevações....As campas da sua família...Ajoelhando-se deixou as lágrimas escorrerem livremente pelas suas faces. Sentiu o contacto gentil da mão dele no seu ombro e olhou para cima. A expressão de compaixão que lhe vi no olhar, fê-la ter esperança no futuro, já que nada podia fazer para mudar ao passado.

Enquanto caminhavam de volta para casa, a parando junto ao poço, ela inclinou-se para retirar um pouco de água. Ele afastou-se para dar uma volta pelo perímetro. Um ruído de ramos a partir pôs-lhe os sentidos em alerta. A única coisa que ela viu antes de começar a correr para avisar Angher foi uma face pálida, e em seguida sentiu uma dor muito forte no tórax, e sentiu-se a cair no chão.

O ruído dos ramos a partir, o barulho dos passos dela, e o silvo no ar da flecha que se foi alojar no meio do tórax, foram rápidos e sucessivos. Desmaterializando-se junto ao Minguante, e após uma rápida luta, afundou-lhe a adaga no meio do tórax, enviando-o para o seu Criador.

Quando chegou finalmente ao pé dela, ela ainda respirava , mas tinha perdido muito sangue.

-Aguenta-te, vou levar-te para onde te podem tratar, vai tudo correr bem..vais ver....aguenta-te por favor.

-Sinto as forças a me abandonar. Acho que não vou conseguir....mas, ouve-me …ouve-me por favor.   Obrigado...obrigado por tudo! Por me teres salvo da outra vez, por me teres dado estes meses de vida maravilhosos.....Eu amo-te Angher, ...eu amo-te...-E a voz sumiu-lhe....

Com ela nos seus braços, e o corpo a arrefecer, a fúria tomou-lhe conta do peito. Isto não era para ter acabado assim. Ela foi mais uma vitima inocente na guerra que ele tinha abarcado. Acabou por a enterrar ao pé da família, debaixo de uma amendoeira, cujas flores lhe iriam fazer lembrar a sua tez, branca , ligeiramente rosada. E na cruz que lhe pôs á cabeceira escreveu...

#Emma#



Barhbara Hillock

*Nasan

1 comentários:

Viv disse...

Tão triste! ='(

Mas eu gostei da história, estava muito gira. ^^

Bom Ano!

 

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