IMMORTAL - Gostinho 5

Saudações Amantes da Irmandade!!

A nossa Sunshine e a nossa MorCeGo, têm trazido até vocês coisinhas boas. No entanto, eu e a nossa linda Nighshade, também temos algo delicioso para vocês. 
E não, não pensem em culpar a demora das traduções, a culpa não é da Nighshade. Mas sim minha. 
Mas aqui está, o capitulo 5 de IMMORTAL, e os próximos serão os capítulos 16 e 17, que já estão na minha posse. E que irei tentar fazer a publicação dos mesmos aqui, se a minha net ou portátil deixarem.  
Aqui entre nós? Eu não sei já de onde será que vem o problema, a minha net e lenta como já referi algumas vezes. E para ajudar a festa o meu portátil está numa tentativa de suicido *choro* e o mais grave, estou sem euros para comprar um portátil novo. Mas aceito um como prenda de pascoa, é na boa. Desde que trabalhe e não seja lento ahahha estou a brincar.

Bem vamos lá ao que nos interessa realmente.


Anjos Caídos # 6

Immortal

Capítulo 5

- Precisamos dela. Que mais posso dizer?
Enquanto Adrian esperava que Jim respondesse, ele mudava a distribuição do seu peso para o outro pé, na tentativa de aliviar a sensação de carne triturada da sua perna magoada. Sem êxito.
Jim lança um olhar para as escadas que acabam de ser usadas por Sissy.
- Eu não a quero envolvida nisto.
- Sim, já o tinhas dito.
Adrian olha em volta para a ausência total de sofás e cadeiras no salão principal.
A coxear através do espaço vazio, ele caminha até à sala de estar que se encontrava do lado esquerdo. Quando é que se tinham mudado para lá? Há uma semana? Quinze anos? Sem dúvida que a casa tinha entrado no final da sua vida, com o papel de parede a enrolar nos cantos, os tectos manchados e descascados, velhos orientais vitorianos desgastados e desfeitos.
Agora? Quando entrava na sala de estar, o veludo dos sofás, a seda dos cortinados, o bolor à volta das estantes e os topos das mesas envernizadas estavam todos num brinco, como se ele tivesse entrado num museu cuidadosamente preservado, cujas peças tinham mais de oitocentos anos. O mesmo acontecia com a cozinha que utilizavam, os electrodomésticos dos anos quarenta, de repente, a trabalharem como se fossem novinhos em folha, os móveis de fórmica a brilhar de fresco. No piso de cima era a mesma coisa, toda a renda dos cortinados e as colchas a terem os seus buracos remendados e os seus fiapos arranjados. Assustador como o caraças. Primeiro assumiu que era porque alguém, e não ele, que estava a limpar os objectos. Mas nenhum trabalho Dyson poderia restaurar uma carpete, reparar o revestimento de uma cadeira, substituir o estuque de uma parede.
Mas, para dizer a verdade, existia muito mais com se preocupar.
Ao respirar, o cheiro a fumo persistia no ar e ele olha para a lareira. O detrito carbonizado à volta dos troncos queimados parecia papel, como se alguém tivesse tentado queimar uma colecção de enciclopédias. Mas não, não tinha sido isso. Aquela merda eram os restos dos lençóis que tinham protegido as mobílias velhas. Sissy tinha arrastado tudo para a lareira e acendido o fósforo.
O fumo danificou e chamuscou as paredes à volta da lareira, e a carpete com dois metros de largura e um metro de comprimento, apesar de ser a versão Botox com o seu tratamento anti-idade, tinha sido bem queimada num semi-círculo.
Graças a ela, provavelmente, perderam o depósito inicial da casa.
E porra, mas talvez Jim tivesse razão. Se Sissy andava numa de incendiária... com a viajem que Jim teria que fazer, tê-la tresloucada não iria ajudar em nada.
- Porque é que lhe contaste? - Disse Jim da porta. - Que porra de merda foi essa?
- Contar-lhe o quê?
- Sobre a Devina e eu.
Ad vira-se para ele.
- Eu não...
- Tretas.
Ad inclinou-se para a frente apesar da sua anca protestar.
- Vou falar claramente, eu não contei porra nenhuma sobre ti e a Devina. Achas que quero piorar ainda mais a situação?
Jim entra na sala, movendo-se como um animal enjaulado.
- Então, como é que ela soube...
- Já o tenho.
À medida que Sissy aparece com o livro, Jim congela e olha só para ela, e no silêncio tenso, a única coisa que surgiu na mente de Adrian foi: porque caralho é que estes dois, só por uma vez, não tinham uma oportunidade? Porque a junção parecia mesmo má neste momento. Jim, evidentemente, não tinha dito nada sobre o seu amante demónio. E Ad até podia ser um parvalhão, mas ele ainda sabia as palavras que saíam da boca, e com toda a certeza que não tinha deitado nada cá para fora.
Só havia mais uma fonte de informação com tal conhecimento.
- Agora, vão-me falar sobre o Purgatório - disse Sissy -, ou vão tentar descobrir as instruções sozinhos?
Jim deitou para fora uma extraordinária corrente de asneiras e nada fez para partilhar alguma informação, mas deu a entender que alguns objectos inanimados estavam em perigo eminente de serem derrubados.
Quando o salvador, finalmente se acalmou, Ad só lhe apetecia esfregar a cara com um pedaço de lixa. Porque, de certeza, seria menos doloroso do que tudo o que estava a testemunhar.
Obviamente, era ele que teria de discursar.
- Okay, nós temos um chefe...
- Deus - interrompeu Sissy.
- Não. Apesar do Criador ser uma grande parte de tudo. - Bem, 'duh' para isso. - A brilhante ideia de Jim é ir até lá e trazê-lo de volta.
- Ele está morto? Pensava que éramos imortais.
Ele não tinha entrado ali para se sentar? Escolheu um sofá e sentou-se com a graça de uma mochila a cair de uma mesa para o chão.
- O nosso chefe já não se encontra na existência. Que tal assim?
- Então, existe uma maneira de sair daqui? Quero dizer, desta vida... ou o que seja?
- Não. - Ele pensou em Eddie, mas dada a expressão intensa de Sissy, ele decidiu ficar quieto sobre isso. Já havia muita coisa com que se tinham de preocupar. - O nosso chefe está no Purgatório, e isso é só uma forma diferente de inferno imortal.
- Tem de haver uma maneira de fazer isto sem ela - rosnou Jim de um canto.
Sissy encara-o com um olhar capaz de perfurar um cofre bancário.
- Preferes perguntar à tua namorada? Talvez ela possa ajudar.
O olhar de Jim queimou a atravessar a sala. Mas não disse nada, os nervos em franja a calá-lo.
Ad sacudiu a cabeça. Meu, agora percebia como Eddie se tinha sentido quando ele e Jim se tinham atirado um ao outro.
- Esse livro - disse Ad a apontar para o maldito -, tem alguma coisa sobre o Purgatório? É disso que precisamos de saber. Eu não consigo ler, o Jim também não. Eddie até poderia, mas esqueceu-se dos óculos de leitura no Céu.
Sissy aproximou-se e sentou-se no sofá oposto, colocando o antigo volume na mesa baixa de café. O livro estalou quando o abriu, e um brilho subtil pareceu sair das páginas de pergaminho, como se tivessem luz própria.
Okay, eis um livro que nunca iria para a lista do New York Times. Existia apenas uma cópia, e não era suposto estar nas mãos de anjos. Feito com a pele dos pecadores, a «tinta» supostamente provinha da ejaculação dos lacaios de Devina. Quem sabe como teria sido feito? O objecto era puro mal, por dentro e por fora.
Se a Devina soubesse que tinham aquilo? Não seria muito divertido.
- Não tem índice - Sissy murmurou ao virar as páginas. A escrita era muito densa, era como se cada página tivesse levado com uma pincelada preta, de fazer doer a cabeça quando se olhava. - E, também não existe uma organização interna. Passei horas a lê-lo... e não tenho a certeza quão útil será em relação ao quer que seja.
- Sinceramente, surpreende-me que consigas lê-lo de todo - murmura Ad.
- Bem, tive Latim no secundário.
- Isso é Latim?
- Ou uma derivação. As boas notícias?! Quanto mais eu me debruço nisto, mas fácil se torna. - Sissy olha para Jim. - Portanto, diz-me o que queres e eu talvez possa descobrir alguma coisa.
Jim parou numa das janelas que iam desde o chão até ao tecto e olhou para fora. Com a luz do sol matinal a bater na sua cara, ele parecia esgotado em vez de revigorado. E isso não abonava nada a favor deles. Ad aclarou a garganta.
- Eu consegui sair porque fui libertado pelo Criador... graças ao Nigel ir ter com Ele.
- Falas do Purgatório? - Perguntou Sissy.
- Sim, falo.
- Santíssima... espera, tu estiveste lá? - Sissy abanou a cabeça. - Caramba, de todas as coisas que pensava que eram inventadas... Devia de ter prestado mais atenção à catequese.
- Como já disse, fui libertado pela vontade do Criador, e não tenho conhecimento de ninguém que tivesse saído de lá por conta própria. - Ad vira o olhar para o salvador. - Mas vou dizer isto... não terás muito tempo, Jim. No momento em que estiveres lá, começas imediatamente a ter sarilhos. O verdadeiro desgaste leva algum tempo, mas começas a perder-te logo ao entrares. Quando o Eddie me encontrou, estava perto de ser um caso perdido. Mais tarde, descobri que só tinha lá estado um curto período de tempo.
- Foi assim que o Inferno foi para mim. - Disse Sissy calmamente. - Foi uma... eternidade.
A sobrancelha de Jim começou a tremer e ele passou um dedo por ela.
- Então, vais até lá para o trazer de volta, porquê? - Ela perguntou.
- Não tenho escolha. - Murmurou Jim a remexer nos bolsos. Tirou um Marlboro e acendeu-o. - Ou trazemos o Nigel de volta, ou fico com o lugar dele. E depois disto tudo? Quero ser aquele que vai derrubar a Devina. Mas mais importante, é a coisa certa a fazer.
- Porque dizes isso?
- Eu matei-o. Não directamente, mas a sua morte é culpa minha, e mesmo sendo um soldado profissional, é algo com que eu não posso viver.
Sissy encarou-o durante um longo momento. Depois mergulhou a sua cabeça no livro e voltou à primeira página.
- Alguém tem um bloco de notas e uma caneta?
***
Horas mais tarde, ao folhear as páginas do antigo livro, Sissy sentia alívio por descobrir que as palavras escritas no denso texto eram fáceis de ler como um romance de Nancy Drew. O que não era tão bom, apesar da compreensão aumentar, era o facto de não encontrar nada sobre o Purgatório.
A maioria das passagens pareciam ser divagações de uma mente perversa, os argumentos fracamente integrados e a focarem-se na natureza e composição das almas, nas origens da vida física, no esquema do Céu, no equilíbrio entre o pecado e a virtude.
E as estatísticas eram, pura e simplesmente, esquisitas. Porque haveria de alguém se preocupar com o número de pedras de algum castelo no Céu? Com o nome de Mansão das Almas?
E com isso, o bloco de notas de papel amarelo permanecia em branco ao lado do livro, a Bic azul por escrever. Mas mesmo assim, os «não chegar a lado nenhum» eram, de alguma forma, úteis. Desde que ela tinha estado concentrada no livro, que não tinha pensado em incendiar nada.
Deixando sair um gemido, ela espreguiçou-se para trás e deitou um olhar para a lareira. Quando um ressonar suave se fez ouvir, ela olha para Ad. Ele estava apagado como uma luz, a cabeça para trás sobre as almofadas do sofá de veludo, a perna magoada esticada num ângulo errado com a bota virada de lado, como se os ossos se tivessem fundido de forma errada.
Jim tinha saído uns dez minutos antes, levando consigo o seu mau humor.
Sissy coloca o livro de lado, levanta-se e estala o seu ombro direito. Depois sai da sala de estar, com intenção de ir para a cozinha e comer qualquer coisa, mas os planos mudam quando apanha um lampejo vermelho na janela do outro lado da porta da frente.
- Mas que...?
Na verdade, o brilho vermelho emanava, aparentemente, de cada pedaço de vidro ao redor da casa.
Ao correr para a porta, quase que arranca os pesados painéis ao abri-la.
Era como se alguém tivesse lançado uma bomba de tinta na propriedade, e esta tivesse ficado congelada no local durante a queda-livre, formando uma cobertura à volta de tudo. Do outro lado da cortina vermelha de luz, ela conseguia ver o relvado feio, o sol do meio-dia, o passeio e a estrada... bem como Jim parado no lado esquerdo, a palma da mão dele levantada para cima e a brilhar ainda com mais intensidade, como se fosse a fonte da iluminação.
- Jim? - Disse ela.
Ele ergueu a cabeça e os olhos abriram-se. Depois de um momento, ele baixa o braço e atravessa a direito a barreira que tinha criado.
- O que é isto? - Ela perguntou com admiração.
- Mais protecção.
- Do quê? - Como se ela precisasse de perguntar.
- Devina. Ela já entrou aqui, pelo menos uma vez.
Um arrepio trespassou-a.
- Quando?
- Na outra noite.
Enquanto ele caminhava para o alpendre, ela pousava a mão no antebraço dele.
- Em casa? Como?
Jim afastou-se dela e riu-se amargamente.
- Ela transformou-se em ti. Fixe, não?
- O quê?
- Ela era como tu, desde o teu cabelo, aos teus olhos, à tua... - O olhar azul dele foi até à boca dela e assim ficou até ele se desprender. Depois inclinou-se, o seu tamanho a superar o dela, os seus olhos cansados nada mais do que facas aguçadas. - Ouve, quando disse que não te queria envolvida nisto, foi por uma boa razão, okay? Não te quero perder de novo, e principalmente, não me quero distrair deste jogo por me preocupar contigo.
Sissy franziu o sobrolho, pensando na...
- Quando fui bater à tua porta - disse ela, completamente assustada. - E tu em estado de choque por me veres. Foi quando ela o fez. Não foi? Foi quando ela se transformou em mim.
Ele afasta-se e começa a caminhar na direcção da casa. Ela agarra no braço dele novamente.
- O que fez ela?
No silêncio tenso que se seguiu, ela lembrou-se da forma estranha com que ele a tinha olhado quando abriu a porta, como se ele nunca a tivesse visto antes. E agora, ele estava a fazer o mesmo.
Ela recusou-se a desistir.
- O que foi que ela...
- Queres saber? Aqui vai. - Ele inclina-se mais uma vez, o ar entre eles a ficar carregado. - Ela tentou seduzir-me. Estava semi-nua na minha cama, com o teu corpo, a tua pele, o teu aroma. E quase resultou, que pensas disso?
Sissy piscava os olhos várias vezes à medida que o seu corpo registava calor, mas não de raiva. Não, desta vez era uma coisa inteiramente diferente.
Desejo sexual. Do tipo que só tinha lido em livros, ouvido falar, visto no grande ecrã, mas que nunca, nunca havia sentido. Nem de perto. E ela compreendeu muito bem o que ele estava a tentar fazer. Estava a tentar assustá-la. Só que tinha falhado, pois sem se aperceber... tinha feito uma valente confissão.
Ela pensou em Bobby Carne e no seu jeito engatatão. Jim estava longe dessa produção triste, ele era um homem, não alguém do secundário com ilusões de ser o Ryan Reynolds. E a ideia de que alguma vez Jim pudesse ter estado atraído por ela, mesmo que fosse mentira...
Mas, o demónio transformou-se nela, não foi?
Jim desviou o olhar primeiro.
- Não me olhes dessa maneira.
- De que maneira? - Disse ela numa voz rouca.
- Oh, Jesus - ele murmurou. - Tu não sabes...
- Jim...
- Não, nem pensar, eu tenho de ir... Eu tenho mesmo de ir.
Com pés pesados, ele caminhou até à porta aberta e marchou escada à cima, o enorme corpo dele a mover-se rapidamente e com poder. Momentos depois, ele estava fora da sua visão e ela ouve uma porta a bater no segundo andar.
Houve uma tentação de persegui-lo. Abrir aquela porta. Descobrir... o que estava por detrás daquele olhar quente. Mas ela teve a sensação de que tudo o que conseguiria seria uma discussão.
Ou talvez, algo que ela se calhar não conseguiria lidar.
Ela pensou no demónio no cemitério, tão cheia de si, tão confiante. Ora, isso é que era uma mulher... entidade, o que fosse... que tomaria conta de um homem como Jim...
Bestial, agora apetecia-lhe encontrar um isqueiro e pô-lo em bom uso.
Em vez de ir atrás dele, ou dar numa de Stephen King e ceder à sua incendiária interior, ela foi até à barreira de protecção e colocou a mão. Como se o brilho fosse um ser vivo, avançou para ela, envolvendo a sua mão, continuando a avançar, ficando conectado até ela retirar a mão.
Depois de brincar com a conexão mais uma vez, ela volta para casa e fecha a porta reforçada. Em circunstâncias normais, ela ficaria impressionada com o tamanho e altura daquele carvalho, mas nada mais era normal, e ela tinha a sensação de que podia confiar naquilo que Jim tinha feito, mais do que qualquer outra construção humana.
Parada ao pé das escadas, ela perguntou-se que estaria ele a fazer no quarto. A única forma de obter uma resposta era descobrir por ela própria, e que embaraçoso seria se ela entrasse pelo quarto adentro e ele estivesse a despir-se... a fazer a cama... a dobrar a roupa.
Oh sim, até porque ele tinha tempo para se preocupar com essas duas últimas tarefas.
Além disso, não significava que ela fizesse alguma coisa que fosse mudar a conversa entre eles.
Enquanto ficava onde estava, uma parte dela lhe dizia que, por acaso, até havia outras coisas que ambos podiam fazer, coisas que estavam relacionadas com aquele olhar dele. Porra, talvez estivesse na altura de perder a virgindade. E assumindo isso como verdade... ela não conseguia pensar num único homem, vivo ou morto, a quem se dar do que Jim.
- Merda - suspirou.



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